segunda-feira, 28 de setembro de 2009
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Cada gota
Primeiro, a maior felicidade é a de estar triste.
Segundo, a de saber que o novo pode renascer em cada gota:
de chuva,
de lágrima,
de suor,
de vapor,
de cheiro.
A gota do próximo milisegundo, ou, antes deste, você mesmo.
E junto disso, o terceiro.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
meu ovo tântrico
nunca esquecerei o dia em que botei meu ovo tântrico. a princípio, ele era o princípio, antes nada principiava potência, só havia possibilidades, e essas não eram lá tão impossíveis. o ovo trouxe o impossível e isso é o que importa.
a princípio ele era o princípio, e ficou ali envolto de liqüido amniótico espalhado pelo chão. meu corpo não esperava um ovo, mas ouvi de fonte genital segura que a origem era tântrica. a memória nos prega peças, o transe tântrico não me dava certeza de nada, só de tudo, por isso nada se lembrava, só se acoplava e isso já era o suficiente. nada como o movimento. como o nada em movimento. deglutir o nada para criar seu filho, o ovo.
e ele o tempo todo tantra, em partos tão sinceros que qualquer corpo parecia pouco, parecia parco, parvo. exalava intensidades para todos os lados, sem nenhum viés, acasalando-se com tudo para dialogar com nada. tantra é antes, tudo que tantra devém. o ovo tantra para o excesso ideal, aquele excesso tão procurado e nunca achado por sempre se perder no exagero.
tive que levá-lo até uma árvore próxima para que ela o chocasse, afinal vegetais sabem caminhar com o vento, e o ser humano se suicidou com ponteiros encravados nos pulsos. mas ao chegar lá ficou claro, chocá-lo seria ultrajante, a árvore argumentou tudo extaticamente: para o ovo, tudo de êxtase, nada de ênfase.
sem ênfase alguma, o ovo se tornou sua própria casca extasiando-se tantra para todos os lados, pois a princípio, ele era o princípio. e isso é o que importa.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
tanta cor
as quatro estações
_____ao pousarem num corpo
se desdobram em pele
por isso
_____os poros são
flores
no calor,
_____pululam orvalho
com o pacto
_____das nuvens
na solidão
_____murcham os raios
da lua
_____dos olhos
lábios em flores,
_____transgridem o pólen
amarfanhando o ar
_____com lampejos
de asas
_____em gozo primal
quisera eu chegasse o dia
que ao invés de devir flores,
poros desacreditassem as folhas
para nos pólens,
_____asas.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Meta aberta
precisamos mesmo
dormir com o despertador
enlaçado neuroticamente
por nossas próprias mãos imaginárias
fingindo que nada é real?
dê um passo
um gozo crasso
reticências
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
sábado, 5 de setembro de 2009
buraquinho
meu objeto de estudos
é a anarquitetura
da distorção espaço-tempo
abro caixas
e jogo-as pela janela
chovendo ontens
no jardim não podado
mas isso foi ontem
hoje já jogo as caixas
pela janela afim de,
por acidente
ou por afinco,
esperar ansioso
que o mundo
caia dentro delas
mas isso é hoje
amanhã jogo o mundo
pela janela e se a caixa
cair no ontem,
não podo o jardim
por mera cautela.
quero frutas nas bordas da caixa,
me projetar vegetal
mas isso será amanhã
a caixa foi é será
um rasgo espacial
e o mundo que cair ali
é um jardim
que podou
tanto as formas
quanto o tempo
mas isso,
janela
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
natural
me pediu uma intervenção
eu dou um carinho
me pediu uma opinião
eu contemplo
quando a gente sente o sol
não há raio que passa em vão
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