e nessa vida
lâmina que corta
tantas doces sutilezas
e insiste em extendê-las
nas mais densas e turvas
cordas bambas
que se ligam das tarefas
às tarifas
chego em casa
ligo um som
tiro a camisa e já sinto melhor
as várias vibrações explodindo
nessa espontânea
atmosfera do quarto sonoro
agora quem fala é a pele
as verdades se eclodem nas banalidades mudas
e ganham voz
vejo a cor do chão brincando com a poeira,
o texto parado sobre a mesa é mutante,
pois pro vento que o carrega com arquitetônica displicência
pouco importa seu conteúdo
e por isso decido estudar seu voo até o chão
junto ao vento que o abraça
o papel do texto
transando
no chão
com a poeira
e as cores brincando
belíssima captura de mim mesmo
ali
vivendo muito isso tudo
e simplesmente
aquele tanto de agoras
que haviam antes desse tudo
ficaram pra depois
e ninguém percebeu