sibilos do amor
nas orelhas desafinadas desse mundo
a nuca transpira a métrica das ruas
na cidade
arborescência turva e decadente,
amor e caos
transando sementes
em todas as cabeças afoitas
não há onde, nem depois,
caminhos rabiscam desatinos
o amor está na brita do asfalto
se retesando na borracha
dos pneus
que
anti-insólitos
passam
paladar morto como confete no ar
e todos caminham quando se abre o sinal
o amor na cidade
bate sempre na nuca
a testa se esfola no chão
veias e vasos sanguíneos abstratos
nos povoam em plena avenida
os viadutos escancarando
perversas aortas
de promiscuidade chula
rente à fachada da loja
o vendedor não viu
o semáforo ficou verde
animais carniceiros não perdoam nunca
no asfalto,
uma orelha atropelada
sibilos do amor
2 comentários:
Foi um grande prazer estar presente ao lançamento de seu livro, camarada.
Estamos juntos. O lerei com cuidado e atenção e prosseguirei visitando seu espaço virtual.
Grande Abraço e longa vida aos teus escritos
"o amor na cidade
bate sempre na nuca"
Isso tem uma força imagética, posso ver claramente como um filme, uma foto, ou sabe lá, só dentro das minhas palpebras mesmo.
Seguindo aqui.
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