sexta-feira, 28 de maio de 2010

atalhos


as palavras não existem

são no máximo
entretempos eternos
dos vácuos que há
entre

o sentir

o pensar

e

o

f
_a
__l
___a
____r

quinta-feira, 13 de maio de 2010

sol


crio atmosferas de vida
como quem tece nuvens
a espera de chuvas

não faço isso por vontade própria
meus dedos são asas
e nunca aceitaram pousar em algo
sem se deliciarem
com os dias
e os néctares de seus poros

os dias se arrebentam

e as janelas da noite
escancaram-se
para sóis
que nunca
desapontam

nossas cores

amarelas

tão cálidas
elas

já desenham
amor em sombras

sábado, 8 de maio de 2010

à vontade


caminho de esquiva
em meu terreno esquizo
só pra sacanear
meus monstros

olho-os
em cada olho

e subo

na esquina de todo coração
os postes de luz
palpitam cor de ferro

bons condutores de calor
e de um pouco de louvor:
fé que se esquenta é sempre verdade
e traz em si a potência da vontade

afinal,
com vontades não se brinca

e as bandeiras frementes
encostadas ansiosas
em meus pêlos
descem seus mastros

minha carne grita

a pele toda estendeu
seu forro de sonhos
no gramado de meus pensamentos

agora é a hora:
a dobra de minhas vontades
se desdobra em suaves afagos
em minha própria sombra confusa

sou por
não sou onde

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Cartas


o que nós vemos de nós
são as próprias coisas
e elas não existem

tudo é idéia livre
fluxo fruto de suspiros
e olhares que de maresia,
já são maremotos

não,
não quero olhar algo
e vê-lo

quero ver amor
dentro de cada coisa

como se o mar ali dentro
se arrastasse em alvorada
e tudo fosse tão sincero
como a criança
a descobrir que todo dia
o sol amanhecerá seus sonhos

isso é amor

e o resto é nadar de braçadas
livre fluxo fruto
da vida em poesia