domingo, 28 de fevereiro de 2010
bom dia
todo dia
antes de dormir
sonho
quando durmo
sono
ao acordar
som
lá no sonho
só
caso sol
somente
se sou, somo.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
caosmos
despiram todos os meus medos
jogaram na parede e pronunciaram:
"filho, ou você alinha os botões da camisa
ou compra sua bicicleta e sai"
resolvi arrancar os botões
joguei-os como búzios
minha sorte estava toda ali
cada néctar, cada sumo, cada húmus
clamando por meus pés nus
novamente os medos na parede
fraca dos botões,
a camisa nua, vestiu-se de meu corpo
e lá eu fui
mais uma vez pra dentro da caixa
concreto como gasolina no ar
sabendo que tudo me espera
tudo
cumpro a função,
tentando sempre
desparafusar paráfrases de ordem
e unir o caos ao cosmos
sou flor e cor na pastagem de brita:
caosmos
mas a falta de botões
é sempre alvo dos mais perversos olhares:
"ele não é daqui. não. não é daqui."
é...
bicicleta mesmo
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Livre tratado poético
poesia é insônia que esqueceu-se de ser
para transmutar-se sonho
poesia é verbo que se conjuga errado
pois ser e estar só existem
em gramados que sopram com delicadeza o prazer que há no Nada
taí o grande mistério de todo poeta
o Nada caminha pelo mundo
profetizando a inversão de toda lógica mundana
se o poeta não abraça o amanhecer de cada dia
compactuando-se com esse tipo de profecia
não há trabalho que não seja tortura
não há caos que não vitrifique lágrimas
não há terror que não psicotise sorrisos matutinos
e não há vidas que não se desafinam nas orquestras de 60 minutos
mas aí o poeta chega e entoa a ode de todas as coisas
diante do público de todos os tempos
e tudo o que bordava estratos de concreto na paisagem em ponto morto
ladrilha delicadamente o caos em um gozo de bebê que ao ver a mãe
só se esquece de voar.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Desquerer
Não tenho nenhum querer,
que não o de estar tomando uma ducha gelada,
num box de ladrilho azul com buchas,
cada uma uma cor,
em Caxias do Sul,
refrescando meu corpo nú.
Ou em Quixeramobim ao lado de tú,
num círculo de bambu sob o sol,
com água de bica.
E também me dar bom alimento.
que não o de estar tomando uma ducha gelada,
num box de ladrilho azul com buchas,
cada uma uma cor,
em Caxias do Sul,
refrescando meu corpo nú.
Ou em Quixeramobim ao lado de tú,
num círculo de bambu sob o sol,
com água de bica.
E também me dar bom alimento.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
brincadeirinha
Minha mente é um poço.
Certo dia, uma criança brincando no abstrato, tropeçou ao contrário e caiu lá dentro.
Deu em todos os noticiários:
"Criança presa em poço há mais de 48 horas!"
"Técnicos não chegam a nenhuma conclusão precisa sobre a profundidade de tal poço!"
"Bombeiros não obtém sucesso ao utilizar seus guindastes!"
Até que no terceiro dia, uma senhora cansada de todo aquele espetáculo, desligou a TV.
E a criança e o poço viveram felizes para sempre.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
meu lanchinho
não sei mais
o que ando fazendo com o tempo
por isso o desfaço,
e o que resta,
desmancho em versos
e como no café da manhã
sempre como nu
que é pra não ter que sentir clausura
quando o mundo me adentra
estar nu
torna melhor a digestão do cru
e ninguém vai me entender melhor por isso
assim, cozinho minha roupa e saio,
fertilmente vestido da cabeça aos pés
acho que assim me disfarço bem
e só como aquilo que me convém
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