sábado é êxtase
borboletas de chumbo pairam
sobre os quartos
das moças que se vestem
na noite
uma volúpia
na montanha-russa abdominal
insiste em berrar
amor
amor
amor
e o vento nas ruas se eletriza
como sax em cópula
nos palcos das cabeças asfaltadas
os corações transitam
em ritmos ancestrais
e se intumescem, primitivos,
desejosos,
como prisioneiro arquitetando fuga
na madrugada veloz
enquanto
os tolos vendados
desligam suas anestesias privadas
e morrem
dentro de seus sonos febris,
uma garota à flor da pele
molha
em silêncio
sua calcinha na multidão
a bêbada e o equilibrista,
travestidos,
oferendam seus corpos
despencando suor
nas frestas mais insuspeitas
da cidade que rufa tambores atemporais
da cidade que rufa tambores atemporais
sábado é êxtase
o mercúrio
dos postes na noite
vibrando sinceridade em suas atmosferas
são intimidantes
e clamam por trôpegos rituais
só resta, imperativa,
uma palavra:
dance