quinta-feira, 27 de novembro de 2008

zzz blu bla uau

O pedreiro José para a amada Maria:

- A cal, Maria!

A calmaria:

- Acalma, ria.

sábado, 15 de novembro de 2008

Raciocinar amando

Fugir,
é sentir a relva na canela,
ritmo cardíaco na medida do passo,
esquecimento do sistêmico,

Suavisar,
é percorrer um caminho e vitalizar o outro,
encher a noite de vida,
e comunicar com os astros,

Ser fiel ao alimento,
energizar-se e ingerir-se:
as pessoas e o mundo no prato.
Raciocinar é usar os talheres,
raciocinar amando...

Comover-se pela razão,
é tão óbvio quanto avançar pela emoção,
pé depois de pé balançando na rede da vida.
oscilando e equilibrando pra tudo voltar a eterna origem: harmonia

Profundamente imersão seguido de um grito de amor,
internalização mais a busca
daquilo que transcende e toca a pele.
E a volta do tudo ao centro de sí.

(as vírgulas estão pra você me compreender melhor,
sistematizar é comunicar?
dá pra ser assim?)

Usar a razão e sentir isso aí,
Esse emaranhado louco.
Raciocinar amando...

Não há viver no dicionário.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Domesticado

Quero uma t.v. estática,
sendo empurrada
do canto perpendicular da sala
rumo à janela deste terceiro andar,
em uma queda sem volta.

Nesse eterno segundo
antes da queda,
me vejo refletido na tela plana
extático.
Agora são só peças no chão,
estáticas
e eu sou mais que soma de partes.

Tem algo elétrico atrás de mim
todos os dias
uma rotina mórbida
insiste em estalar,
mas quando eu olho some, passou.
Deve ser a alma penada da t.v.
em intervalo comercial
alugando um espaço de seu funeral
pra me vender uma manteiga light.

Mas enfim,
estava eu ali eletrodomesticado
e joguei a t.v. lá embaixo,
fui pra calçada
achando que era livre, e de repente
me vi formiga, com passos
compassados
como todas as outras.

No meio do formigueiro
uma formiga achou o resto da t.v.
observei-a, ela recolheu tudo.
Aquelas peças foram sua refeição.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Infantil

Na ponta do dedo
uma bolha de sabão
que passou e ficou.

Não estourou,
se incorporou ao dedo
e virou eu.

Mas como toda bolha,
perdeu forças,
afroxou-se, parede fraca
tênue.


Estourei!

Ela alçou voo.

A criança riu fortemente
e continuou soprando,
voando delicadamente
com um brilho molhado,
despreocupado,
cheio de si.


Não sou mais criança,
estouro no ar.