sábado, 30 de maio de 2009
desejo vegetal
em um belo dia, um vegetal, ao ter uma alucinação, conseguiu materializa-la.
não se sabe se por força dos acordes da terra ou por vontade de pedra bater asas.
mas materializou-a.
há a possibilidade remota de ter sido o ar, que quando sopra, é desejo multicromático.
desejo não por falta de algo,
mas desejo-intensividade
que se agencia em cada poro.
intenso campo imanente.
mas materializou-a.
e era eu
em forma de musgo.
corpo sem órgãos.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Conversa de banco de concreto
O Sol nasce e logos chega a Lua,
Por incidência direta ou refletida,
A luz sempre no céu.
Nos olhos dos homens e dos bichos,
Nas veias das plantas,
No ar.
E a vida assim, poesia do universo.
Por incidência direta ou refletida,
A luz sempre no céu.
Nos olhos dos homens e dos bichos,
Nas veias das plantas,
No ar.
E a vida assim, poesia do universo.
terça-feira, 26 de maio de 2009
sobre como surgiram os manicômios
louco é apenas o cara que resolveu abrir a braguilha do mundo
só que o mundo não usava cuecas
aí ninguém gostou,
o pinto do mundo o castrou
e nos olhos da humanidade,
gozou.
Quem cita, excita(do).
Porque ler poesia é criar outra,
outras dores.
No meu imaginário esta outra se cria com mais amores,
Seja parte ou inteiro,
o que me alimenta a vida é ração feita deste erro,
erro diário de morrer precocemente.
O erro flutua, perpassa, enlaça o destino e nos dá novamente a alegria de estar vivo.
Errar é humano, e divino:
outras dores.
No meu imaginário esta outra se cria com mais amores,
Seja parte ou inteiro,
o que me alimenta a vida é ração feita deste erro,
erro diário de morrer precocemente.
O erro flutua, perpassa, enlaça o destino e nos dá novamente a alegria de estar vivo.
Errar é humano, e divino:
"nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez"
Paulo Leminski
domingo, 17 de maio de 2009
sexta-feira, 15 de maio de 2009
céu vagem
sabe,
quando se perde a cabeça
deve-se raspá-la.
cabelos entopem os ralos
e é pra lá que as cabeças perdidas vão
ralo abaixo
esgoto acima.
outro dia vi uma cabeça
boiando no esgoto ao ar livre.
dela, saia uma fumaça
vermelha
estava escrito na testa:
cheque especial, limite estourado.
nem deu tempo de pensar nos juros prestações
a tv plana digital home theater folia estava alta
high definition
e a cabeça já havia se perdido ralo abaixo
high condition
só ficou a fumaça, fedendo.
cabeças não são feitas de concreto
são permeáveis
- cérebro de shampoo? -
cabeças são feitas de avencas
e ao invés de se perderem ralo abaixo
deveriam se perder canto de cigarra acima
e sapear um coacho.
no meio de tanto concreto
é difícil ser abstrato.
- Diógenes Devir-vegetal
segunda-feira, 11 de maio de 2009
cidade e jardim
lembra de quando fomos ao cinema
e o filme não terminou?
o fato é que rasgamos o roteiro no meio
a minha metade, continuei escrevendo
com sangue e parafuso,
na cabeça
sua metade é escrita
à lagrimas e insônia,
em um coração que não dorme
nas filmagens
virei ator
lá estava eu desempenhando meu papel
lá estava você fazendo origami
de sua delicadeza,
virei tsuru
e voei
de meu vôo,
aprendi que só confio
em quem faz origamis
o resto todo é só papel
meu roteiro continua sendo escrito
letras voadoras
me flutuam para o oeste
já o seu, é uma bela e contínua dobradura
te desdobra com fé para o leste
mas ambos,
para cima
nos elevamos juntos
em caminhos opostos.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
há braço
quer ouvir minha voz?
chegue perto de minha nuca
sinta meu cheiro
o torpor de um abraço
abraçados,
inspire
expire
arrepio
inspiro
expiro
você me ouve
pelos pêlos
enrigecidos
- quando a carne quer se mostrar,
sai de dentro de nós
pelos pêlos, que se enrigecem
como mera defesa da voracidade
ensaiando uma ode à suavidade -
pela pele
nossa sinceridade pura
- a pele nunca mente -
um gemido de poros
e olhos fechados
abraço gana
respiração minha
coração seu
compasso nosso
em uníssono.
um abraço:
o universo é assim
todo o resto é mentira.
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