segunda-feira, 27 de abril de 2009

o diabo do currículo


o cara tava dando aula
"como desatar o nó do pensamento nietzscheano"

um aluno atirou um paralelepípedo na testa do professor
o sangue escorreu

outra aluna foi correndo coletar a amostra

com um conta gotas,
pingou duas gotas do sangue em solução aquosa
já na ponta da língua pronunciou o que já era claro:
"adstringente"

o resto da sala nem percebeu
em um ato antropofágico
já haviam deglutido boa parte do professor

reação não
educa ação

macaco bong


hoje entrei em uma música
e não mais saí
acho que gozei
sinapses trepam no abstrato.

vamos dar mais uma.



sábado, 25 de abril de 2009

amor liquido


vontade maluca,
você me cativa por entre as pernas
até a nuca.

sua.

e eu não sei se foi
entre quatro paredes
ou três.

o triângulo amoroso
me confundiu
eu, você, aqueles fetiches.

me imergi no triângulo
úmido e quente
ponto generoso
e o lençol com nossos líquidos espalhados

liqui dando tudo
de lado, mudo.

sou líquido no lençol.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

copyritghts


ontem vi um desfile
ovos de páscoa amarelos
andando pomposos
atrás da banda do sargento pimenta.

mas coelho não põe ovo, pô
percebi então que os ovos são jesus
são a ressurreição
ressurreição da moeda, em crise.

e o coelhinho é deus
e nós temos o dinheiro - ou teríamos que ter -
deus de pele branquinha
e olhos vermelhos
grande business man.

jesus ressucita nos ovos
nós os compramos
de deus, o coelhinho.
e ficamos de olhos vermelhos
alucinados.

agora estão atrás do revolver
tomorrow never knows
vai que os ovos não ressucitam,
aí não teremos jesus pra comprar
vão ter que ressucitar john lennon
beatles são mais famosos que os ovos
e michael jackson é o coelhinho,
come besouros.

terça-feira, 14 de abril de 2009

escolhas

Um excerto de Kant ou o canal Bandeirantes:

lógicas distantes para almas inquietantes.



(tic tac tic tac

Homem brasil

Eu?

Se coletiviza se se internaliza

As divisas?
Nem mesmo no céu.

Aaah.. nosso bosque teria mais flores!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

apagamento

O coração morreu,
mas o sangue ainda é seu.

O musculo bateu
mas você não respondeu.

Quem é você?
Quem sou eu?

Galgar ao lugar das idéias apaixonadas, requer que por um instante, eterno, deixemos a inércia deste corpo cheio de ilusões estacionada.

Para viver e morrer melhor.

E fazer nascer amor. Fazer amor.

E parados inertes seguem os pensamentos, como ondas de algum mar, que movimentando se repousam no tecido do planeta.

O ritmo vem do passo, quem marca é a melodia.

domingo, 12 de abril de 2009

combustão


meu coração morreu
a autópsia não mentiu:
atentado violento ao pudor

fiquei puto.
é certo que lá estava ele
pelado na sístole
exalando libido na diástole

mas ele não passava de um ventríloco
um boneco controlado
havia alguém por trás o tempo todo
ele não estava assim à toa.

matar alguém assim,
exige cremação.

é claro que esse coração,
gostaria de ver seu sangue
escorrendo pelos olhos
das pessoas que contemplam a urna
esparramando cinzas
em cima de um cinzeiro
de um bom tabagista

(o pulmão é o próximo).

queimem essa bomba de sangue
deixe-a em cinzas,
mas coloque ao mínimo
uma andorinha no lugar
assobiando coração vagabundo
do caetano
com a voz da gal.

perdi o coração,
posso até ficar sem sangue,
mas ainda quero ritmo e melodia.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

ácido


cala a boca pensamento!
plutft!
momento?
não, fomento.

a pupila riu,
não viu.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Elogio de duas pernas ao mundo do trabalho S/A.


tiro no pensamento,
vapor de sangue
saindo por entre
os giros e sulcos cerebrais.
pronto-socorro!

mentira!
era um deja-vu.

acordei bem.

no leito do hospital,
a meu lado,
na mesa de dissecação,
uma máquina de custura
e um guarda-chuva.

na sala de espera
toda a amplitude
de meu intestino
agora, multi-colorido

pendurado pelo ambiente
em uma instalação
de Oiticica.

os médicos
tropicalizados
tropeçavam
se enrolavam
e arrebentavam o intestino.

fezes pra todos o lados
como confete no carnaval.
diversão infantil
eles riam, sinceros, inocentes.

aguardavam em febre
os doentes
que atiravam halopáticos
lá do 7º andar
uma profissão séria

de carga intelectual
que exige formação.
não é pra qualquer um
atirar halopatia na sarjeta.


afinal,
sejamos surrealistas,
nada é real
só o banal.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

interstelar overdrive


não há como explicar
ou mostrar
tinha que estar lá

prazer assim,
só vênus.

sexta-feira, 3 de abril de 2009


Positivismo:
nada mais negativo.