sibilos do amor
nas orelhas desafinadas desse mundo
a nuca transpira a métrica das ruas
na cidade
arborescência turva e decadente,
amor e caos
transando sementes
em todas as cabeças afoitas
não há onde, nem depois,
caminhos rabiscam desatinos
o amor está na brita do asfalto
se retesando na borracha
dos pneus
que
anti-insólitos
passam
paladar morto como confete no ar
e todos caminham quando se abre o sinal
o amor na cidade
bate sempre na nuca
a testa se esfola no chão
veias e vasos sanguíneos abstratos
nos povoam em plena avenida
os viadutos escancarando
perversas aortas
de promiscuidade chula
rente à fachada da loja
o vendedor não viu
o semáforo ficou verde
animais carniceiros não perdoam nunca
no asfalto,
uma orelha atropelada
sibilos do amor