terça-feira, 27 de março de 2012

da cidade que há em todos


sibilos do amor
nas orelhas desafinadas desse mundo

a nuca transpira a métrica das ruas

na cidade
arborescência turva e decadente,
amor e caos
transando sementes
em todas as cabeças afoitas

não há onde, nem depois,
caminhos rabiscam desatinos
o amor está na brita do asfalto
se retesando na borracha
dos pneus
que
anti-insólitos
passam

paladar morto como confete no ar
e todos caminham quando se abre o sinal

o amor na cidade
bate sempre na nuca

a testa se esfola no chão

veias e vasos sanguíneos abstratos
nos povoam em plena avenida

os viadutos escancarando
perversas aortas
de promiscuidade chula

rente à fachada da loja
o vendedor não viu

o semáforo ficou verde
animais carniceiros não perdoam nunca

no asfalto,
uma orelha atropelada

sibilos do amor

domingo, 25 de março de 2012

indissociação


a saliva contida
se constrange na parede

virou lágrima

(rosto-rubor)

o vermelho
pirou

virou sangue

sexta-feira, 23 de março de 2012

Livre Fluxo Fruto - O lançamento
























Enfim, chega o momento em que o filho nasce e vai pro mundo. Segue a programação:

‎-> 30/03 às 14:30
Tarde de café e mesa de encontros com a temática "Poesia, corpo, caos e loucura"
Participação de: Diogo Rezende, Jonas Samúdio, Danislau Também e Órfilo Fraga (Filó)
Local: Anfiteatro 2A (UFU - Umuarama)

-> 30/03 às 19:00
Vernissage de lançamento
Local: Casa da cultura, Praça Coronel Carneiro, 89, bairro Fundinho.

->30/03 às 22:00
Sarau de poesias e intervenções artísticas
Local: Casa verde, Rua Johen Carneiro - 06, bairro Tabajaras.
Apresentação da Banda Tram-Panumbras

Incentivo: Lei de incentivo a cultura de uberlândia



terça-feira, 13 de março de 2012


posso tropeçar
à vontade
se
olho para o chão
como quem se enamora
pelos céus

sábado, 10 de março de 2012

armado até os dentes


todo dia é dia

quão inacreditável é a fome que dá
quando o eterno se traveste de comparsa
e nos tornamos juntos, ladrões do absurdo

roubamos até a voz rouca
dos muros que sangram cinzentos
nessas cidades que com gozo, tanto deliramos

todo dia é dia, certo?
durmo sempre boquiaberto
não escapo incólume deles

dentição inteira de braços abertos às verdades ocultas

os dentes não mentem nunca
o que a vida adestra,
eles mordem até a morte

durante o sono,
os dentes são legiões vorazes transbordando sangue nos olhos
desbravando asfaltos rotos, pântanos tolos, pastos de homens cegos e nus

mordidas endemoniadas
rasgam toda essa merda de servidão consentida

minhas paisagens
nunca mais foram as mesmas
sinto nas gengivas
o suor da árdua labuta noturna

escorro junto
soturno
todo dia
é dia