quinta-feira, 30 de junho de 2011

mais sério do que se imagina


há nessa vida, montanha russa feita de novelos de lã,
uma imensidão misteriosa
chamada de A Coisa Mental

baita Coisa, essa

e lá,
há uma porta, úmida e silenciosa,
ela se arrasta terrosa em solos muito férteis:
vários pensamentos, divagações, hesitações
e mais outros tantos horizontes

faz tempo
o ponto nevrálgico do mundo
está escondido
atrás dessa porta

as crianças moram lá
e brincam de fazer espinhos de massa de modelar
para estourar com maciez
um tantão de bolhas de rigidez

trabalhadores de todo o mundo,
brinquemos!

sábado, 18 de junho de 2011

ou


uma poesia sobre
campos floridos exagerando os jardins dos pensamentos
ou
correr de braços abertos rumo ao indefinido
ou
se embriagar de cheiros e sabores pelas manhãs
ou
acordar na madrugada e gozar pelo simples silêncio do mundo
ou
ouvir a espontânea frase de uma criança e rever tudo o que se pensava sobre a vida
ou
descer até o último andar de escadas e ter que voltar só para ligar para a amada

a vida
ou
a aprendizagem sobre possibilidades virtuais infinitas
que sempre se materializam
de uma in
forma
ou
de outra

segunda-feira, 13 de junho de 2011

projeto pulso


uma novidade antiga perece no canto do quarto
é um coração
as formigas foram se acumulando
mas foram intimidadas, optaram por só observá-lo
nenhuma vassoura jamais o alcançou
parecia peça de museu,
antes de estar simplesmente ali,
um universo louco de histórias, fatos, erros e acertos
mas estava ali
e perecia

aí foi feito um projeto
para criação livre de sorrisos em contágio veloz
as formigas reverenciaram o incentivo
as veias começaram a brotar como ervas daninhas
espalharam-se rápido pelo quarto
ocuparam com palavras de ordem os outros cômodos
o sangue correndo, vivo, parecia um filme itinerante e permanente
mas real, em mutação plena e constante,
e o que perecia
se manteve assim, claro, tudo perece,
mas o intuito mudou
e agora,
basta pulsar

reverberam ecos

terça-feira, 7 de junho de 2011

parricídio


pai,
uma nuvem giratória atrás das costas manchando de cinza tudo que se ousa falar
mas fica aqui uma palavra disruptiva na mão
e uma vontade infantil de brindar refrigerante, deixar cair, melar o chão e pisar
jogar bola tarde toda no chão melado,
sentir sorriso de criança no peito, riso desses de rosto inteiro
tem coisas que fechar os olhos e pular no infinito não explicam
aí viro de frente e olho
olho no olho desses arquétipos paternos que desfilam com seus martelos e suas brutas rajadas,
dou de ombros, os desbanco com desbunde,
e deito na sombra
reticente dos pés
arremessando vírgulas vivas às nuvens turvas
todo filho mata um dia
seu próprio pai
através das mãos do próprio pai,
questão de sobrevivência