domingo, 28 de dezembro de 2008

nadifica


Energia dos tempos
caiu estrondosa
perfurando por cima
um furo maior que eu.
A superfície de pressão
deveria esmagar
mas contrariou a física
e perfurou
inteiro.

Agora sou um furo,
não existo corporeamente
sou pra dentro,
do avesso
carne na parede do furo.
O que há de fora
é o que ainda vai cair lá dentro
um buraco cheio
de nada.

O nada preencheu o vazio,
e agora é tudo substância
há nada em mim
por todos os cantos.
Nesse buraco sem fim,
não há um espaço vago
o nada me inflou
pra dentro
pra baixo
e qualquer um pode cair em mim
e se afundar
sempre acompanhado de nada,
substancialmente nadificado.

Eu e nada
nos confundimos,
sou o nada
o nada me é
nos sorvirmos,
e somos brancos,
de luz.
Todas as cores
estatelaram-se pra dentro desse furo
(deu branco)
tudo se esmorecerá lá dentro
e o nada será tudo,
deixo de ser
e sou
me fundindo ao nada.
derretendo-me
incorporando-me
num fluxo de luz incessante.

Existo meu nada.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Epistemologia


discutiam estética
a bossa e a fossa

a bossa,
coisa linda
deu de ombros
e, levemente,
sorriu.

a fossa,
coisificada
deu de cócoras
e, taciturna,
chorou.

nossa fossa
vossa bossa.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Enxarcado


Hoje chovi o dia todo.
No quintal,
o varal não tinha roupas
elas mofaram dentro da gaveta.

Realmente,
quem tá na chuva
é pra não mofar.


Chovi o mofo
engavetei o molhado,
me enxarquei
de roupas nuas.
Em pêlos,
me sequei.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ser


Servir, sorver, sorvar,
ser.

Outros, botos.


semana passada esqueci
do poente rubro
e do olhar quebrado.
um olhar
rompido dos paradigmas
viciantes da morbidez.
esqueci de olhar e penetrar,
apenas olhei.

resolvi o problema (apenas por hoje, ou não):
joguei flores de peixe
numa mochila escaldante, e saí
ela me queimou
em direção ao estômago alheio.
ácidos gástricos
me caíram como lentes,
derretaram as retinas,
as rotinas.
enxerguei, penetrei,
dei braçadas em direção
a um paladar de alteridade
lambi com os olhos
e me vi imerso de outrém,
afogado de epiderme.
nadei em pé
com umidade, toques e cabeças.

mas ainda não tenho barbatanas
tive que virar rêmora
não de tubarões
mas de botos
roxos. também sou cor, fosca.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

zzz blu bla uau

O pedreiro José para a amada Maria:

- A cal, Maria!

A calmaria:

- Acalma, ria.

sábado, 15 de novembro de 2008

Raciocinar amando

Fugir,
é sentir a relva na canela,
ritmo cardíaco na medida do passo,
esquecimento do sistêmico,

Suavisar,
é percorrer um caminho e vitalizar o outro,
encher a noite de vida,
e comunicar com os astros,

Ser fiel ao alimento,
energizar-se e ingerir-se:
as pessoas e o mundo no prato.
Raciocinar é usar os talheres,
raciocinar amando...

Comover-se pela razão,
é tão óbvio quanto avançar pela emoção,
pé depois de pé balançando na rede da vida.
oscilando e equilibrando pra tudo voltar a eterna origem: harmonia

Profundamente imersão seguido de um grito de amor,
internalização mais a busca
daquilo que transcende e toca a pele.
E a volta do tudo ao centro de sí.

(as vírgulas estão pra você me compreender melhor,
sistematizar é comunicar?
dá pra ser assim?)

Usar a razão e sentir isso aí,
Esse emaranhado louco.
Raciocinar amando...

Não há viver no dicionário.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Domesticado

Quero uma t.v. estática,
sendo empurrada
do canto perpendicular da sala
rumo à janela deste terceiro andar,
em uma queda sem volta.

Nesse eterno segundo
antes da queda,
me vejo refletido na tela plana
extático.
Agora são só peças no chão,
estáticas
e eu sou mais que soma de partes.

Tem algo elétrico atrás de mim
todos os dias
uma rotina mórbida
insiste em estalar,
mas quando eu olho some, passou.
Deve ser a alma penada da t.v.
em intervalo comercial
alugando um espaço de seu funeral
pra me vender uma manteiga light.

Mas enfim,
estava eu ali eletrodomesticado
e joguei a t.v. lá embaixo,
fui pra calçada
achando que era livre, e de repente
me vi formiga, com passos
compassados
como todas as outras.

No meio do formigueiro
uma formiga achou o resto da t.v.
observei-a, ela recolheu tudo.
Aquelas peças foram sua refeição.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Infantil

Na ponta do dedo
uma bolha de sabão
que passou e ficou.

Não estourou,
se incorporou ao dedo
e virou eu.

Mas como toda bolha,
perdeu forças,
afroxou-se, parede fraca
tênue.


Estourei!

Ela alçou voo.

A criança riu fortemente
e continuou soprando,
voando delicadamente
com um brilho molhado,
despreocupado,
cheio de si.


Não sou mais criança,
estouro no ar.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Barros

Sem papel e sem palavras
tirou a consciência da mão
e a janta do pé
mas ficou dentro disso
a poça que estava no pé.
E a janta mofou
a consciência pesou
fora de si estou.

A poça do pé
o poço fundo
escuro, não se vê nada.
Lá embaixo o nada
imerso em barros,
Manoel me disse
pra não perder o nada
fui lá embaixo buscá-lo
pra ter algo importante.

Palavras em acordes
me dançaram
enlameado do poço
mofado da janta
as pessoas da sala

ao saírem,
me passaram o saleiro
e eu, claro,
mirei-o em nada.
Estava dançando no escuro,
com sal.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Perda

Aquela tarde úmida
foi o rebento da porta ansiosa
desesperada, à margem, aflita,
ela bateu.
O estrondo olhou pra todos,
todos olharam entre si, atônitos,
desconcerto
susto geral.
Uma reação:

cabisbaixos,
agiram como se nada tivesse acontecido.
Sem falar nada tudo havia ficado claro,
se sentiam uns merdas.

É de se entender,
a porta se fechou.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Desisti do mundo.

































brincadeirinha...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Uma estrela

eletricidade musical aérea
sinapses até a ponta dos cabelos
tenho a permissão das palavras para me embriagar
de cores e liberdade
deitado na grama vejo melhor
estrelas róseas de nuvens escuras
as folhas das árvores me ventam para dentro
de dentro pra fora assobio o balançar da palmeira
alguém ao meu lado aponta o céu
é uma estrela
e ela aponta para seu reflexo lá em cima
as folhas ventam frios ruídos
mas ela me aquece, me conforta
meus braços nunca estiveram tão abertos
nunca estive tão serenamente aquecido.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Considerações profissionais...

"Faço um convite - talvez mesmo um apelo aos colegas: voltemos à verdadeira Psicologia que é genuinamente social no sentido de que deve ser compromissada primordialmente com o ser humano, com a sociedade e não com o capital. Será que não estaria na hora de buscarmos uma certa utopia, que significa aquilo que ainda não teve lugar... Mas que poderá vir a ser... Talvez esteja na hora de nós, psicólogos do trabalho, tomarmos o nosso lugar de defensores da saúde física e mental dos trabalhadores frente a uma estrutura social sufocante.

A proposta de uma vida cheia de sentido implica uma outra organização societária, em que o ato laboral seja uma ação saudável, ou melhor, um espaço de liberdade e criação, no qual a dignidade humana se torne efetivamente um valor a ser considerado."

- José Roberto Montes Heloani


"mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido"


- Charles Chaplin




quando crescer quero ser ninguém
ser um grande nada
nadar sem pressão atmosférica
galgar alcançar o vácuo
e sempre ter a sensação de vazio.
completude não completa.

vou viver de poesia
e a poesia sim,
vai transformar o vil metal
em gotas de pano
que pingam em meus olhos,
e me vendam para a vida privada
mas imputam cores macias
para deliciosas e imprevistas possibilidades.

vou ser um ser humano profissional
técnico do amor
especialista em minha amante
doutor em compartilhar risadas no escuro do quarto
phd em carinhos e carícias no monótono domingo.

quero ser uma pessoa em espiral
que sobe em círculos rumo a felicidade
a ovelha utópica desgarrada,
rasgada
que vai deixar de servir o servente
e mostrar que praias e temperos
não são nada sem o tato,
só o tato faz ver e sentir o gosto da vida.

o paladar. o mar.
uma pitada de sal.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Sonhos

Dentro da opaca luz que tenta oprimir a sensação de estar a só, preferi desligar o interruptor e largar dessa opressão da luz artificial. No escuro somos mais sensíveis e sinceros, tanto com nós mesmos em nossos pensamentos quanto a dois no sexo. Desde criança me pergunto o porquê de tantos pensamentos em momentos de insônia no escuro do quarto. São pensamentos potencializados, mastodônticos, consoantes ao sonho. Neles eu sinto a linha tênue entre a vida desperta e o onírico mar em combustão. Na insônia, vez ou outra, tenho a sensação de um bom começo. Um começo pra nada em específico, sinto apenas algo que se inicia, leve e acalentador, que me explode rumo ao sono com uma felicidade que só pode ter vindo da união de todas as cores que formam o preto que meus olhos vendados enxergam, agora é tudo preto, é tudo colorido e a sincronicidade do sentimento de mundo deságua numa queda bruta de unidade catártica em meu movimento rápido dos olhos. Durmo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Beba água.

Se quando imerso em novos rumos teus
perceberes evolução,
senta-te e tente chorar,
não dá.

Se os teus rumos tomarem nova posição,
senta-te e tente observar,
se chorar,
imerja-se novamente,
ainda não chegou o fim.

Quando antes do confronto,
decidires chorar,
segura-te e apóia-te,
mas não se sente, sinta.
Fecha-te os olhos,
mas não durma.

Se quando após o enfrentamento,
decidires gritar,
não grite, chore.
Pois já será hora de derramar-se e espalhar a agua contida.
Regar a terra e a ti mesmo: pela pele.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Camaru na janela, miles no quarto

Como bois zebu aqueles ecos ressoam no meu nariz, não pelo fato dos sons serem nasais, mas pelo fato de serem bois, se viessem de humanos seriam muito mais auditivos. Essas praias que emitem brasas cinzas nas tardes dessas madrugadas são no mínimo inesperadas. Sons provenientes da exposição agropecuária fora da janela versus sons do Bitches Brew tentam ver qual seria mais invasivo, um fisicamente, outro transcendentalmente. Dois pesos e duas medidas. Deixo o surrealismo e o experimentalismo conversarem entre si e não meto minha colher. Em briga de sentidos sou mais colorido.

Agora percebo o porquê do trompete. Ele conversa fluentemente a língua que é de forma muito precisa, o tanto de síncope necessária para a fome do fluxo de sensibilidades. Não entendo bem a circunstância do momento em que escuto o jazz, mas fico muito sereno quando percebo que não é necessário entender, pois ele assume minha capacidade de sentir e me deixa a par da hermenêutica. Ele.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Aqueles versos...

Ainda bem que logo ali atrás da parede mora a felicidade em diversos cheiros, pena que lá é grande e bagunçado. Outro dia escrevi um poema triste, ele veio denso, quente e escuro, mas agora já está morno, devo ter deixado muito tempo em cima da pia. As panelas estão sujas e o microondas está estragado, vou ter que servi-lo frio mesmo. Mexi um pouco com uma colher, ela era de metal e percebi que é boa condutora. Voltei a sentir a temperatura daqueles versos.

Perfumes

Cabeça profusão de idéias escusas
não entendo a voracidade da auto-destruição
nem tampouco a profundeza de um negro pensar
a chuva de imagens-sensações que passam dentro dessa capacidade de consciência,
são assustadoramente avassaladoras,
de tamanha força, que move o corpo a atingir um tal grau de latência
incompreensível para qualquer animal humano.

A carcaça de um ser puxado por uma consciência como essa
se move com aquele olhar estatelado e uma ausência não compreendida
pois não é ausência, e sim uma presença em não-locais taciturnos.
A capacidade de incorporar a solidão é extrema,
todos ao redor são de tamanha importância para essa vida
que a simples ausência física de tais pessoas
me promovem um mergulho.
Um Iceberg. Eu. Silêncio ensurdecedor. Noite. Frio.

Amo e odeio pessoas com uma intensidade
que só é explicada quando me vejo cercado delas
e quero sair.
Quando me vejo distante delas
e quero voltar.
Odeio escrever palavras obscuras,
elas quase fedem.

Mas qual será o cheiro das pessoas amanhã?
Acho que vou ter faro.

sábado, 30 de agosto de 2008

Quinta-feira

Hoje eu sou mais velho que ontem quando aquela loucura do dia de quinta-feira me tornou menos digno de empatia e respeito. Agora só me resta olhar pra trás, derramar o leite, e mijar em cima dele (esse negócio de chorar já não faz mais a cabeça). Deve ficar uma cor pastosa, urina e leite. Bom, depende também do tipo do chão, aqui em casa é de azulejo cinza, tanto no quarto quanto na cozinha, quando eu cheguei aqui já era desse jeito e nunca pensamos em mudar. No frio a gente anda de meia, o azulejo fica gelado.

Eu tinha falado sobre estar mais velho, deve ser por ter acordado com o cheiro do vinho barato na língua e ter ficado por alguns minutos olhando minha cara no espelho, muitos detalhes pra uma face só. Isso de não fazer a barba é igual remela no olho, a gente tira pra ficar menos porra-loca (pelo menos esteticamente). Só que na rua ao verem minha remela me avisam, falam pra tirar, já a barba apenas olham, e pensam. Mas hoje não é mais quinta-feira e em fins de semana a remela acumulada tem mais qualidade. Ela pode ser uma forma de recuperar aquela empatia e respeito perdidos na quinta. Com uma remela que se impõe me sinto menos verde.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Eu

"Da cidade, que é corpo, sou alma"
- Danislau Também, em A Pele do Asfalto

Escrever em primeira pessoa é um projeto ousado
nada é mais difícil do que esboçar palavras sobre o eu.
Mas madrugadas hipnóticas são propícias ao desenvolvimento de tal projeto.
Música de fundo não falta
a consciência atinge tamanho nível de sensibilidade
que a atenção seletiva atinge a amplitude da cidade se unindo a ela
e deixa de existir apenas dentro do cubo de concreto.

Nunca o ser humano caótico
de uma metrópole decadente
se torna tão sensível quanto na madrugada.
Por isso o sexo, a embriaguez e a arte.
Produção incessante dessas três inerências do ser
que durante o dia são devoradas
por uma rotina maquinal calculada inconscientemente
e que a noite afloram para provar que ainda temos em nós
o espírito de unidade, a vontade humana de união
que de fato nos faz uma primeira pessoa.

O cotidiano engole a primeira pessoa
o eu se dissolve em vicissitudes
provocadas pelo tão famigerado capital
e enquanto isso nossos cubos de concreto
aguardam ansiosos pelas madrugadas
onde a solidão se faz presente
e a vontade de retorno ao uno
se faz inevitável.
De madrugada somos todos primeira pessoa
somos uma pessoa só.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Estranhamento

Deixo-me levar por uma grande palavra
que parece ser a contra-guia do espírito do tempo
não a vejo
não a toco
não é deus.
Somente a sinto como uma bela flor
que espanca.

Não me estranhe,
é possível sentir essa palavra
quando da vida se espera um vôo
que rasga cabeças para se fazer mostrar,
assim percebo que me fiz vivo
pois o outro me contempla
e acima de tudo me sente.

Na língua não vejo essa palavra
não é sonora nem tem cor.
Me vejo inerte
pois não há mais corpo
não há mais mundo
apenas há.

Ela não se traduzirá
mas caso o prazer da vida
venha da ácida contravenção
que escancara verdades inventadas,
deixe-se levar por essa palavra,
pois nosso caduco mundo
carece daquele vento
para uivar suas gélidas madrugadas
e estilhaçar suas vidraças.

Agora tenho cacos em minhas mãos.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Sobre estar com sono

Vigília versus sono.
Nadar de braçadas em um mar onírico
substancialmente denso
para recriar releituras
feitas em vigília.

Acordar dormindo
e escalar aquele imenso monte
daquela inebriante paisagem
que se mostra desfiada em cores
dentro do que se chama fechar os olhos.

Fluir fervoroso como fogo.
A consciência imersa
nesse eterno iniciar em chamas
com pensamentos suspensos em um varal
no quintal da loucura.

Dormir com o pincel
das cores inconscientes
para lidar com o outro
pintando no espelho das relações
a cor dos sonhos.
A existência então se projeta.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

patos mancos

como fazer estrago?
basta correr contra os patos mancos
eles sempre estão por aí a nos importunar
com aquela malemolencia pacata
que nos coloca em transe hipnótico.
percebemos com eles que o estado de vigília é uma filosofia do desespero
andamos em volta da lagoa
mancos, em círculos,
um após o outro,
desesperado para chegar,
apenas chegar,
num tal lugar

nos banhamos vez em quando,
só que somos mancos
e logo nos cansamos desse simples difícil ócio
e voltamos a mancar
mancos do olho
cegos do pé
para no fim da roda
acabar defumado em cima de uma mesa cheirosa
no estômago de uma pessoa perfumada
na privada de um banheiro azulejado
no ralo de uma cidade caótica
no esgoto de uma favela
onde a criança nada alegremente manca.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

folhas infinitas

Reconfigurar o mundo, reconceituar a paixão, interpretar a desilusão
a luz do pensamento

reler as virgulas,
os pontos,
a tônica,

se possível diluir a métrica.

intuir o desejo,
somar à vontade,
e convergir. ao infinito.

finitudes sem ter fim,
prazeres por um sim,
verdades, tremores,
energia no pescoço,
.
e também refletindo em vísceras,
no escuro interno do corpo.
vibrando a pele e o ar.

transmissão dual:
por aqui e por aí.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

dá pra rolar viu...

Sou um sonhador mesmo, mas sonho com coisas reais.
Aqueles que dizem que tudo é um sonho não querem ver, por razões nefastas, que a realidade dos sonhos é tão próxima quanto se queira.Rejeitar e falar e dizer que isso tudo é balela, é qualificar-se abaixo da neutralidade. Conduz ao fim. Despediçar uma vida inteira de potência parece ser mais cômodo para a maioria. O que há em nós que nos faz ver isso como verdade? E o que foi feito de nós? Tento não procurar saber e com a força do cosmos eliminar de mim todas as pontes fracas incutidas por um certo tempo em meu caminho. Todo alarde e medo criado pelos homens à respeito do misterioso e daquilo que toca a alma verdadeiramente, pernoita em nós diariamente cansando nossos ombros e nos fazendo olhar para baixo. Exige esforço físico e determinação assumir nossa identidade com nossa mente e coração e nossa relação principal com a terra. Mas a meu entender, essa deve ser a busca. Acho que vai fazer bem.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

mudar poesia

QUE MERDA QUE MERDA QUE MERDA!



NÃO MAIS NUNCA MAIS NÃO= NÃO NÃO NÃO NÃO!

AGORA MAIS LOGO EM BREVE= SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM!

UM PRESENTE DO NÃO.
UM FUTURO DO SIM.

INSUBORDINAÇÃO DE SÍ.

terça-feira, 1 de julho de 2008

fé fé fé fé fé fé fé férias.

férias férias! disse o morto vivo
liberdade, pede o acorrentado,
jorra sangue desidratado,
amor, pede as artérias,

AMOR PEDE AS ARTÉRIAS...

por que as férias de 30 dias?
se o ano tem 365?
por que uma vez no ano?
se o ano tem 365 vezes?

por que não entender que as férias,
é tão, é tal natural,
e tanto natural,
que o tal universo se faz assim.

por que não ousar e até mesmo se atrever a dizer ,
porque falar e sentir é um presente do cosmos,
que quando se acorda, se vive e se faz, se vive esse sim,
percebe-se a imensidão do horizonte..

E O RIO QUE CONTINUA A FLUIR

daí até plantar bananeira não se vão 5 segundos,
e subitamente você é planta...

PLANTA, PLANTA!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

nada

Acabei de presenciar algo dantesco,
todos os meus poros abertos,
atingidos por uma onda de mar,
o sal e o mar, resseca, é verde.

diante da obscuridade de nossa existência,
muito podemos indagar,
nada há de obviedade nos fenômenos,
e nem padrão há na razão,
aquela razão que não tem chão.

Vivendo em acaso
e pela imprevisibilidade dos fatos futuros,
prentedemos entender e visualisar,
aquilo que não há nem em pensamento:
pretensão analítica supostamente lógica diante de uma previsão irreal.

Se o que vem e o que o foi, não é e foi, respectivamente,
então nos resta ser. Ser junto -nem sob nem sobre - diante do que é ao mesmo tempo.

Junto do fato vem sofrimento,
Diante de mim não deve haver guerra.
Mas sabedoria para raciocinar vida
e destreza para conduzi-la.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Só isso.

Somente dor é inquietude
O resto são palavras.

Somente palavras são inquietantes.
O resto é silêncio.

Somente a visão é romântica.
O resto é romantismo.

Somente solo o meu coração.
O resto é involuntário.

Somente choro devagar.
O resto é a cidade.

A sombra é como a mentira do corpo.
Do corpo do homem.
Homem que só mente

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Perca-se

.

Percepções alteradas.
Alta atitude que subverte
a sensação de contato firme com o solo
para ser lançado então,
a uma altitude cada vez maior.
Intensidade e efêmeridade
se confundem e se tornam iguais.

Caos.
Ritmo que alucina
e avassala;
a sensação de unidade e reconciliação
com a natureza é espantosa,
tudo é agora,
atinge-se o uno.

Altitude ininteligível,
a sensação de estar à beira do penhasco
torna o hedônico nauseante, ou vice-versa,
é confuso,
mas a confusão nem chega a ser apreendida
por isso é intenso
e efêmero.

Estar à beira de
é uma condição humana,
há quem se cegue e não quer se perceber no limite,
clara estagnação.

A loucura que se faz perdição,
é uma loucura necessária.
Ninguém se encontra, se cega.
Por isso me perco,
me deparo com o inusitado,
e celebro o eterno e dialético encontro de estar perdido.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Resiliência



Engula.
À seco,
áspero,
com ardência,
sem líquido.
Antes, misture bem
e ponha fervor.
Perca a cabeça,
engula desenfreadamente.

Não há tempo para digerir,
remexa-se rapidamente
contorça-se até doer
tente digerir por conta própria
faça o possível,
mas não há possibilidade...
Desengula.

Agora cuspa
cuspa como aquele escarro
proveniente do mais profundo
espaço do pulmão.
Puxe tudo, visceralmente.
cuspa com força
direto ao chão,
e pise em cima.

Agora ande,
ande depressa.
Corra.
Corra com desespero
viva, respire, grite! Sorria?

Pois a vida,
não se digere
mas pode nos digerir,
e isso,
é morte.
Morte em vida.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

O nosso grito!

"O grito:
De empregada doméstica a diva dos produtores e DJs do mundo todo, Deize Tigrona se encontrou no Funk. Prestes a sair em turnê pela Europa, a MC conversou com O Grito!, onde mostrou um lado terno que contrasta com as rimas que canta no palco. " ( http://www.revistaogrito.com/page/05/05/2008/deize-tigrona/ )

Há 63 atrás, o grito:
De pintor a "divo" dos matadores e SKs(Serial Killers) do mundo todo, Hitler se encontrou no nazismo. Prestes a sair em turnê pela Europa, o tirano conversou com O Grito!, onde mostrou um lado terno que contrasta com as atrocidades que comete no país.

A intenção aqui não é comparar Deize com Hittler ou criticar negativamente o funk (a não ser a Dança do Créu que realmente veio das profundezas aonde habita o tinhoso sulfurado). A questão é: diante da imprensa e propaganda qualquer um é terno, meigo e o caralho a quatro. Isso cabe a um bucado de neguete:

O grito:
De militante estudantil a "divo" dos reacionários e banqueiros do mundo todo, José Serra se encontrou no Palácio dos Bandeirantes. Prestes a sair em turnê por São Paulo, o governador conversou com O Grito!, onde mostrou um lado terno que contrasta com as atrocidades que comete no estado.

É bem por aí...

terça-feira, 22 de abril de 2008

Sinta, fome de sentir.



Desconfiguração por angústia de falta de linguagem.
A comunicação entre pessoas não existe,
mas há tentativas.
E tanto se perde nessas tentativas
que a vontade de desistir é quase inevitável.

Aquele olhar
que mata,
é apenas uma gota do rio
que flui sem a direção
que a nascente quer.

Mas essa gota
se torna um verdadeiro oceano
salgado e profundo,
quando pinga
em tempestade
no telhado vizinho.

Aquela palavra (mal)dita
é uma singela migalha
do infinito livro sem palavras
que é o sentir do (in)consciente.

Migalha que dá fome.
Fome de quem diz,
fome de quem sente,
fome de ser sentido.

Fome de toda forma
de manifestações humanas.
E essas, são devoradas
na esperança de algum preenchimento
para um vazio que nem se sabe de que.

Devorar é preciso.
Devore.
Comunicar é tentar.
Tente.

Buscar o outro é imprescindível para matar a fome
de uma alma desnutrida.
Pois sem o outro,
não há poesia.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Ambivalente

Envoltório.
nenhum tipo de ar de liberdade
parece adentrá-lo,
só o que entra é nebulosidade
e fumaça (física ou não).

O que sai é pior,
não é nebuloso e nem físico.
É mais.
Pois sai em ondas revoltas
de puro desmantelamento
que destrói o que há ao redor.

Ambivalência:
esse envoltório só se fortalece
pois surge da mais pura forma de esmorecer.

Dentro da carapaça,
derretimento.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Um loiro choro.

Estou com sono. devo eu chorar?
sozinho. amar?
cansado. dormir?
dormindo. sonhar?
sonhando. chorar?
amando. acordar?
acordado. chorar?
Estou sozinho. devo eu dormir?

boa noite aluc[i]no.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Poeira leve



Frio. Muito frio.
Dia cinzento.
Procura-se um horizonte,
nele há galhos
retorcidos
quebradiços.
Não há apoio. Frágil horizonte.

Frio intenso.
Ele sopra na nuca
estremece o corpo
desce para o estômago.
Precisa-se de um cobertor,
não desses de tecido,
e sim daqueles de orelha.
Respiração forte. Úmida.
Calor nos poros.
Esse cobertor.

Insônia.
Tenta-se contar carneirinhos,
mas eles não estavam lá.
Nem sobrenome tinham.
Talvez tenham virado cobertor para outro.

Solidão é realmente uma palavra aumentativa.
Já sozinho,
é diminutivo.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Sombra



Eis que o ardor do sol
toca em minha coluna
e atinge minha alma.

Sinto-me mais desperto
e lembro-me da seca
que assola famílias sertanejas
e as deixam
corroídas de falta d'água
e irradiadas com o calor em brasa
que as ferve na pele.

E ainda há alguns
com a audácia de me dizer:
"Busque seu lugar ao sol."

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Olhe, sinta!

Cada um de nós portamos desavenças internas,
Carregamos em nossas caicholas reflexões intermináveis,
Como esperando pela chuva num deserto.

Como então insurgir diante de nossos monstros?
Como dissolver tantas incongruências,
E sair dessa coisa que cola e incomoda.

Façamos voar a fênix de nossas cinzas inseguranças.
Bom dia. Boa tarde.
Como vai seu João? Como vai seu Eu?

Que brote da amargura, o amor!
Que surja do desencanto, perspectivas!
Que seja iluminado o espírito!

É você no mundo!
Mais infinitos elementos que o circundam
e são potencialmente capazes de te abrir a visão.

Os monstros são feitos de nada!
As pessoas, as nuvens e as borboletas não!

Bom dia!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Quase



E cá estou novamente,
tentando usar palavras.
Mas pra quê?
Se a corrosão é tanta,
que mal consigo estruturar um pensamento.
Se o choque é tamanho,
que nem consigo me levantar.
Palavras pra quê?

Essa é só mais uma poesia jogada fora.
Quase perda de tempo.

Eu disse quase.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Para Brincar



Dê pressão
para implodir a alma.
Pois é necessário pressão interna
para o grito contido
e pro pensamento sujo.

Aí sim,
a alma implode
e o mundo explode.

E aquela criança
daquela amarela infância
ressurge através de um riso,
o riso da própria tragédia.

Agora brinca.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Róótulações fashion-midíaticas



Qual a última palavra em fashion?
Vamos pra New York City,
pegar um yellow cab,
passar spray de pimenta no olho de um New York City Cop, (seria mais legal fazer isso aqui no Brasil)
tomar um coffee no Starbucks (que seja brasileiro, claro)
e no fim de tudo sofrer abuso anal no aeroporto
pois esqueci que não podia levar uma caneta no bolso por ser um objeto pontiagudo de extremo risco para a segurança nacional americana.
Ainda apareço no Jornal Nacional: Brasileiro é preso em aeroporto de L.A.
Isso sim é ser fashion. (mais ainda só com uma L.A. Woman)
everybody loves my baby, cause she get high

Mas ao ir ao Japão percebemos que
nosso oriente é rente a televisão,
mas que pena!
Eu não quero ficar aqui enquanto uns dormem.
Quem não vive tem medo da morte.
O jeito é deixar a vida pela bola... só se não for brasileiro nessa hora. E sair on the road.
um dia eu chego no oriente.

Celulares e nano-tecnologias orientais,
japoneses têm mania de grandeza? Dizem que não... (mulheres são fofoqueiras mesmo hein)
Mas eles são fashion,
HQ's, mangás, hentais... tudo se materializa na vestimenta jovem.
Japonesinhas estilo "high school" são a última palavra em fashion.
Afinal afinal... todos os padres do mundo querem uma dessas.

Mas no Brasil é mais legal,
hoje fashion é ir vacinar contra a febre-amarela,
ontem era não comprar leite da coopervale...
engraçado é que hoje a mídia me informou que:
- já são 11 casos de febre-amerela constatados.
- 31 pessoas sofreram de super-dosagem de vacina.

é... acho que a vacina é mais fashion que a doença,
o jeito é me picar com uma agulha (e quem sabe ser uma vítima da overdose amarela)
e se possível ir pra pirinóps,
me naufragar por lá.

Ah! E essa semana tem São Paulo Fashin Week (ou seria weak?)
Lá sim a galera magra gosta de usar o nariz e se picar...
Brown sugar! It's my life and it's my wife!
Fashion a porra isso.

Mas calma, o Carnaval e a final no BBB ainda chegarão.

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha
O ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

¡ Buuh !



Configuração do medo:

Automatização do homem moderno.

-------- preparado ?-------
-------- protegido ?--------




Receoso do pior. (e assim se esquece de viver, ver,ser)
Ilhado na sua mediocridade. (nao quer água. e nem vida)
Gestos prontos ( iáá!! aiii!! corre!!!).
Atitudes pensadas (será? perigo? . hum.. dobro a esquinha. sem confronto)

Auto-arapuca. Caiu! Envolto em ceguidão e penumbra.

O herói moderno: Homem Vazio.

(Salve-o! Mas não a mim.)


Preparado para a surpresa da cidade.
Para o roubo a mão armada.
Para o ataque do menos digno.

Felicidade cristalizada contida enganada.

COMO É VIVER ASSIM?___________________

_______Não é._________________________