terça-feira, 22 de abril de 2008

Sinta, fome de sentir.



Desconfiguração por angústia de falta de linguagem.
A comunicação entre pessoas não existe,
mas há tentativas.
E tanto se perde nessas tentativas
que a vontade de desistir é quase inevitável.

Aquele olhar
que mata,
é apenas uma gota do rio
que flui sem a direção
que a nascente quer.

Mas essa gota
se torna um verdadeiro oceano
salgado e profundo,
quando pinga
em tempestade
no telhado vizinho.

Aquela palavra (mal)dita
é uma singela migalha
do infinito livro sem palavras
que é o sentir do (in)consciente.

Migalha que dá fome.
Fome de quem diz,
fome de quem sente,
fome de ser sentido.

Fome de toda forma
de manifestações humanas.
E essas, são devoradas
na esperança de algum preenchimento
para um vazio que nem se sabe de que.

Devorar é preciso.
Devore.
Comunicar é tentar.
Tente.

Buscar o outro é imprescindível para matar a fome
de uma alma desnutrida.
Pois sem o outro,
não há poesia.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Ambivalente

Envoltório.
nenhum tipo de ar de liberdade
parece adentrá-lo,
só o que entra é nebulosidade
e fumaça (física ou não).

O que sai é pior,
não é nebuloso e nem físico.
É mais.
Pois sai em ondas revoltas
de puro desmantelamento
que destrói o que há ao redor.

Ambivalência:
esse envoltório só se fortalece
pois surge da mais pura forma de esmorecer.

Dentro da carapaça,
derretimento.