sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

lençol e só


atmosfera
pululante
de
caos, desvarios, amor, hesitação

imagine só

aí colocou os pés descalços
na brita molhada

as meias estavam guardadas no bolso da calça
efeito tátil de cautelas esquecidas

quando não há cautela
e o mundo conspira xamanismos urbanos,
as mãos gesticulam amor louco

suor audacioso na madrugada

as causas de outrora
não pesam mais que a dança sutil
da fumaça que subverte sublime
o ar

(densidade inapreensível)

travessia desvairada
no aconchego da nuca
e seus cheiros insones
ou
sereno da noite no lençol,
tecido que de tão taciturno,
engravida o próprio
sono
solitário e só

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

lentidão, ou um piscar de olhos


crio animais divagados
no vão dos pensamentos
são ruidosos, porém, estanques

estancados
no asfalto que trilha
a pele de meus braços
que ora
caminham vendados

caminho pelos braços
se esgueirando no ar
os dedos, sinapses,
ou engrenagens de fazer sentir

aí teve aquele dia,
curva na direção das nuvens que me choveriam

e em plena performance de meus gestos insones
não pude mais chover

os canteiros em minha pele
já invadem o asfalto
inventando-se ansiosas ervas daninhas que se esparramam
buscando vidas, outras roupas, novos reais, umidade, sorrisos
e talvez até
água

agora
coço as costas em mesa de bar e esqueço de falar
ou olho pros olhos de alguém que fala
e só vejo os olhos
me perco nas palavras
danço estático
na tessitura sutil de alguns nadas
que me percorrem e se perdem em tudo

meu olhar
é como um animal
no asfalto
está nu
basta olhar