quarta-feira, 18 de abril de 2012

não vai dar certo acordar todo dia às seis apenas para alinhar os botões


todo dia
se aumenta
a certeza,
cheiro do asfalto
nos ombros
cheira surdez
no peso
das
palavras

há que se
alargar intervalos
de tempo
até que
reste apenas
uníssona pausa

estampido por
vir

silêncio no alarido das vozes
dos padres nossos de cada dia

os muros pichados serão a ordem

restará
grunhidos estáticos
deuses sem som

terça-feira, 10 de abril de 2012

dinamite


singularidade torta:
um pelo encravado na sola do pé

não era mesmo pra isso existir

mas as fabulações
conspiram novos prédios
nas cidades
que mofam as paredes dos quartos

e quebram suas vidraças

pisou em cacos e fugiu
e os pelos encravados sangrando vidro
nos mármores frios
do bolso vazio da calça

as moedas caem futuros
e os pés não aguentam,
alucinam pelos que se encravam

inflamação latejando as dobras do mundo

o pus amarela frágeis horizontes
desses dias desadaptados

fugiram todos para a ilha de manhattan
procurar drummond

mas foi o pelo encravado
que se dinamitou

sexta-feira, 6 de abril de 2012

quando os padres assumiram seus cadáveres


assalto na vertigem do olho
o projétil voa certeiro
em direção ao alvo mirado

dois pássaras caem vivos
no horizonte

finitude às avessas

os alaridos do coração
ecoam na paisagem que se descongela
ante a janela aberta das sensações

utensílios urbanos
não nos servem mais

as janelas
esgarçam a carne vibrátil do tempo

transgressão dos ponteiros
nas torres das catedrais
que caem raios
nas calçadas

nossos padres não querem mais estar vivos