terça-feira, 22 de novembro de 2011

Roxo


topei dedão
do pé
na quina
do horizonte

latejam
os meus
futuros

domingo, 20 de novembro de 2011

repletude


são tantos
os agoras

num instante
um agora
deslumbrante
despencou
da parede

pude então
me ver
ali
distante
tensionando
o corpo
rente ao
chão

meu rosto,
música vertiginosa
regida num palco
em desfiguração

imagem-tempo
de mim fora de si
arriscando invenções

um agora-repletude

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

povoados


minha carne me habita
ilha errante de pulso absurdo
abismo
surdo
de lá pulei
e lá mesmo,
caí
minha carne me habita
ilha de divagações nonsensitivas
pisando em vagas direções

se nada mais parece fazer algum sentido
desfio nessa pele cheia de hesitações
linhas de luz,
traduções estrangeiras de meus próprios passos,
ilha errante que sou
me navego como vitória-régia
regida pelos ventos
rumo ao próximo povoado
que ao me desdobrar
me acontece fluxo
em carnes outras
que em mim
habitam
e agora,
gritam

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

a bola do jogo


almejo ser
a bola do jogo sim,
mas por favor,
que seja a bola
esquecida em campo
no ininteligível silêncio
do estádio
na escuridão orquestrada com destreza
pelo imenso vazio
do pós-clássico de domingo

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

grito primal


vou te agarrar pela mão minha mão na sua mão segurando forte e te levar correndo desesperado pro meio dum mato e te convocar para juntos gritarmos de maneira indirecionada e gritar e gritar e gritar como nunca gritamos em nossas vidas até extrapolarmos todos os nossos limites e quando achar que não iremos mais agüentar gritar gritar e gritar ainda mais e quando enfim nossos corpos se desfalecerem ofegantes no chão poder te olhar olhos nos olhos de uma vez por todas nem que seja a última vez na vida com aquele silêncio imenso com que nos olhamos tantas vezes e que fazia o mundo inteiro parar ali como se nada mais existisse além de nós mesmos absortos de excesso de olhos nos olhos transbordando serenidade e sentir então nessa alma tão febril o derradeiro suspiro de leveza que sempre tivemos e não temos mais a certeza se temos ou não e ponto.