terça-feira, 23 de agosto de 2011

há um muro branco em minha frente


há um muro branco em minha frente
mas meus olhos estão turvos, não podem apalpá-lo
há um muro branco em minha frente
mas tiraram de mim meus pincéis, e nem sequer me perguntaram
há um muro branco em minha frente
mas acorrentaram meus pés em um muro mental-penitenciário
há um muro branco em minha frente
e a muralha cotidiana insiste em privar de me borrar em cores nele
há um muro branco em minha frente
logo eu, que já quebrei tantos muros
há um muro branco em minha frente
e há no peito um canto oco, gritando inaudível por desmonte
há um muro branco em minha frente
e meus versos são tudo o que me resta
há um muro branco em minha frente
e já não sei mais, logo eu, que sempre quis ser tão colorido

Um comentário:

Larice disse...

mas a cegueira leitosa do poeta é colorida em essência!