domingo, 12 de abril de 2009
combustão
meu coração morreu
a autópsia não mentiu:
atentado violento ao pudor
fiquei puto.
é certo que lá estava ele
pelado na sístole
exalando libido na diástole
mas ele não passava de um ventríloco
um boneco controlado
havia alguém por trás o tempo todo
ele não estava assim à toa.
matar alguém assim,
exige cremação.
é claro que esse coração,
gostaria de ver seu sangue
escorrendo pelos olhos
das pessoas que contemplam a urna
esparramando cinzas
em cima de um cinzeiro
de um bom tabagista
(o pulmão é o próximo).
queimem essa bomba de sangue
deixe-a em cinzas,
mas coloque ao mínimo
uma andorinha no lugar
assobiando coração vagabundo
do caetano
com a voz da gal.
perdi o coração,
posso até ficar sem sangue,
mas ainda quero ritmo e melodia.
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