segunda-feira, 28 de junho de 2010
curta metragem
depois da meia noite
escrever deixa de ser um ato
e passa a ser cena
sem ensaio
personagens desempenham
as dúvidas da caneta
as falhas da tinta azul
incertezas sutis de mãos viris
estirados na cama
amassam seus papéis
jogando-se contra a parede
para analisar
os próprios borrões
lençol ali faz motim em frenesi
e já suado de tanta fricção
se confude com os pêlos
do corpo que ora o habita
não há insônia
cada bocejo é um rasgo
que se abre para gracejos
de vácuo no tempo
e os pés pelas cobertas
encenando travessias
e forjando cheiros
travesseiros
piada travessa
pois na ilha de edição dos sonhos
toda a equipe de produção
está de brincadeira
travesseiro é nuvem de penas
desaguando sonhos penados desencarnados
da cabeça em riste repouso
transe d'uma noite só
transa bilateral imaginária
papel caneta gozo azul
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Um comentário:
somos naturistas de alma e corpo
nos desnudamos e nos revelamos, retirando nossas máscaras e disfarçes
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