daquele baile de máscaras
lúdico e desenfreado
está estragada
ninguém mais consegue se enxergar
não há ouvidos nas paredes
a marcha dos dias vai rumo ao absurdo
e não há alguém que de fato
conheça tal lugar, é realmente absurdo,
e o que fazer?
hoje os corações das lástimas
sabem muito bem,
não há como arremessar tijolos
aos céus,
e mesmo se houvesse
tal possibilidade,
quem os alcançaria?
quando a profecia das horas seguintes
é eternizar a digestão das horas passadas
não há na pele resposta que conforta
não há pensamento, sentimento, lágrima ou grito (e há!)
mas há que se deixar de sentir lá dentro o outro
como quem o espia pela fechadura, a sós e em silêncio,
discreto, quase vaidoso,
deve-se abrir a porta
entrar na sala do peito que pulsa
e ir correndo
ser abraçado
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