entre os azulejos do chão do quarto
vieram como selvagens no mato
uivando púrpuros desejos
tão íntimos
que no escuro do quarto
fez-se luz descabida
as pupilas se oscilaram caoticamente
vertiginosamente a noite abriu-se infinita
até que as janelas, fechadas, pareciam rasgadas-abertas
alguns voos
alguns outros tantos delírios
e essas palavras se substanciaram fogo
divina experimentação estética
uma fogueira de letras
no azulejo do quarto uivando poesias nada concretas
saí correndo gritando sorrisos,
fiz do mundo a vernissage amarelada de minhas dentições
mordendo pescoços desatentos no formigueiro das ruas
e o mundo parecia enfim me compreender
bastam duas palavras
duas palavras
palavras
bastam duas
dualidade eu-palavra no quarto brotando imensidão do chão
múltiplos de uivos
uni-vos lobos do mundo
em meu quarto
nesse minifesto
em duos mais que múltiplos perfeitos
uma poesia feita aos berros
quase em vão,
uma revo(a)lucinação
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