terça-feira, 7 de junho de 2011

parricídio


pai,
uma nuvem giratória atrás das costas manchando de cinza tudo que se ousa falar
mas fica aqui uma palavra disruptiva na mão
e uma vontade infantil de brindar refrigerante, deixar cair, melar o chão e pisar
jogar bola tarde toda no chão melado,
sentir sorriso de criança no peito, riso desses de rosto inteiro
tem coisas que fechar os olhos e pular no infinito não explicam
aí viro de frente e olho
olho no olho desses arquétipos paternos que desfilam com seus martelos e suas brutas rajadas,
dou de ombros, os desbanco com desbunde,
e deito na sombra
reticente dos pés
arremessando vírgulas vivas às nuvens turvas
todo filho mata um dia
seu próprio pai
através das mãos do próprio pai,
questão de sobrevivência

Um comentário:

Ericka disse...

a marca no meu rosto é do seu beijo fatal.