as articulações das esquinas
nas cidades
fazem pensar
sobre
o suor das palmas das mãos
se enxugando
nas calças
no passo à passo
das ruas embebidas de sol
o som do helicóptero
da urbe
vibra ricochetes inodoros na derme
imagine só,
todas as sarjetas do mundo
drenando a lágrima
de todos os choros engolidos
e não chorados
as vistas enrijecidas
da miríade anônima de corpos urbanos
se contorcem no labirinto em êxtase
das ruas moventes
as lágrimas se canalizam
nos esgotos insossos do absurdo
o pensamento
é o artífice do absurdo,
na cidade inebriada
pela deglutição compulsiva de doses lacrimais,
as sarjetas orquestram as vidas
e
tudo que é caos
é corpo
tudo que é corpo
é real
não há realidade
na alma exagerada
das coisas do absurdo
a cidade é sonho
o corpo que nela adormece
morre a cada inspirada
mas se ergue pulsante
nas saraivadas silenciosas
do asfalto que tudo diz
da eloquente muralha
cartógrafa dos dias respirados,
nossos corações
são os tijolos
as paredes das casas pulsam
o sangue brota do chão
Um comentário:
parabéns
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