Hoje a abelhinha acordou triste, sem vontade de voar.
O dia é o mais cinza do ano e ainda chove.
Ela vê as gotas, capazes de levar abaixo toda uma existência.
A nuvem é tão espessa quanto o mel que insiste em derramar.
O favo é frágil. Não aguenta.
A abelhinha observa e chora.
O mel se esvaiu.
E sua vida agora é menos doce.
E seu corpo agora é menos vida.
Quer cortar suas asas,
quer aposentar-se,
mesmo tão jovem.
Mas ela vê a flor.
Que nasceu na mesma primavera que a triste abelinha.
E que passou por mais intempéries que a triste abelinha.
Isso tudo estática, imóvel.
Ela vê a flor. Em meio ao cinza. Tranquila.
Ela então se anima.
Pega seu cavaquinho e convida o pessoal para um Chorinho no favo da Rainha.
O operário cuida da percussão. O zangão, no violão. A rainha no bandolim.
O choro começa.
Mas a chuva aperta!
E o choro continua!!
Mas a chuva aperta!!!
Mas o barulho é alto!!!!
E a chuva aperta!!!!!
As abelhinhas insandecidas batem intensas!!!!!!
E a chuva desaperta!!!!!
E o favo resiste!!!!
E a chuva diminui!!!
O favo em festa!!
A chuva parou!
E a festa acabou.
A abelhinha vôou.
Rumo ao céu que se abriu.
Vem um pássaro e LÁU!!
Come a abelhinha.
Sujeitar-se a vida.
Subjetivar nossos instantes.
Entender nosso vôo.
Tocar a vida como se toca um Choro.
A abelhinha padeceu, morreu. Mas não deixou de existir.
Ganhou novas asas e vôou!
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
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