quarta-feira, 5 de agosto de 2009

luz que reverbera

para syd barrett
há que se dedicar
dias de solidão
para fotografar
o enlouquecer-se

uma fusão dos suados vincos da pele
embevecidos de sol

com

feixes solares de fim de tarde na janela
e a poeira que os flutua

a pele agradece em frenesi

o banho é um pecado mortal

dias assim devem ser
regados à paraísos artificiais

cama, chão, lençol
e as paredes

e eu rolando nu pela casa
até flertar com o espelho
e em um sincero monólogo ao pé do ouvido
tento convencer meu reflexo

ele tinha que se entregar a mim
doar-se
dar-se
pra loucura ser sublime

uma transa refletida
transmissão dual

mas com o monólogo
o espelho embaçou
e vi meu reflexo escorrendo
ralo abaixo

lindo isso de se olhar no espelho
e não ter mais reflexo

tive que
abrir a porta de casa
e ir correndo abraçar alguém

sentir-me pela pele de outro

eu

2 comentários:

danislau disse...

enra

poema lindo, cara

"sentir-me pela pele de outro"

foda

abração, vou te lendo

Nina Salomé disse...

o espelho não tem razão como imagina..reflexos se originam de coisas infinitas...e os outros então, podem sentir-nos como somos?
Curti...Belo poema!