quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

caosmos


despiram todos os meus medos
jogaram na parede e pronunciaram:
"filho, ou você alinha os botões da camisa
ou compra sua bicicleta e sai"

resolvi arrancar os botões
joguei-os como búzios
minha sorte estava toda ali
cada néctar, cada sumo, cada húmus
clamando por meus pés nus

novamente os medos na parede

fraca dos botões,
a camisa nua, vestiu-se de meu corpo
e lá eu fui
mais uma vez pra dentro da caixa
concreto como gasolina no ar
sabendo que tudo me espera
tudo

cumpro a função,
tentando sempre
desparafusar paráfrases de ordem
e unir o caos ao cosmos

sou flor e cor na pastagem de brita:
caosmos

mas a falta de botões
é sempre alvo dos mais perversos olhares:
"ele não é daqui. não. não é daqui."

é...
bicicleta mesmo

2 comentários:

através disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
através disse...

com licença poética

sou-te perto
e grata




Hoje vivi você presente
no sentido de que somos
como o espaço
real invisível entre palha e fogo

Pode ser feito de tempo,
de ânsia,
memória,
de falta

de fato,
é espaço
com natureza de força

O devir da chama
que celebra o mistério implícito
da potência

É bom de sermos
do sono às ruas
por qualquer lugar segue o espaço
cheio de força

-

Sempre acordo nua
pra estar junto à verdade
quando o mundo me adentra

cozinho minha roupa e saio,
fertilmente vestida

crua como posso
dentro verso sem medida

como flor calma
que sob caosmos se deita

-

Amor, queridos, amor

abracemos a loucura de todos os tempos!
pois ela é o presente

e vamos juntos
ao decorrer eterno
da queda profunda
no abismo da alma

Amor, querido, amigo

que a chama seja o presente
do eterno encontro futuro

Vê,
sabendo que tudo me espera,
ainda assim,
resolvi arrancar os botões