segunda-feira, 21 de junho de 2010
poeminha cigarro violento aceso
o cigarro e a memória
se casaram numa cerimônia fúnebre
a fumaça esquenta os grãos
dos poros na garganta à esquecer-se
tudo que é viável
torna-se brasa rasgada ao vento
numa violência suave cantiga de ninar
e memórias dormem entorpecidas
sim,
não há memória nesse casamento
o cigarro é a tônica da relação
as brasas jogam tensões
anseios e pudores
aos céus
e tudo que se esquenta
é esquecimento
esqueça de tudo
o que falei
lembre-se somente
do que esqueci de falar
e saia
talvez vire fumaça
ou talvez
fume
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Um comentário:
toco a marcha que apressa o funeral do meu corpo
não sei a cadência, desando
o que há de morrer ainda entre o que sou e o que não sei?
em tudo que mato
e que ainda não morre por si só
vivo esquecida de mim
de tudo que lembro e deixo viver
assisto a morte
quando o ritmo que acesso
incenso aceso que inspira
permite a marcha
sendo a morte
já não mato
e nela vivo
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