terça-feira, 27 de outubro de 2009

sim, a jambolada é isso.


sabe a ressaca do que não se bebeu? isso acontece quando ao invés de beber, se traga e se é tragado. tragar o quê?

sim.

há alguns finais de semana que abrem aquele rasgo da distorção espaço-barra-tempo e o que era grama vira lama, mas o que é mais impressionante é que a grama que cresce depois, cresce da cor dos olhos de quem a pisou. sim, foi assim que a grama que não existia na acrópole da jambolada cresceu hoje, da cor de sete mil olhos que disseram embevecidos, que sem música, não há ar.

essa teoria é antiga, tem gente que pensa que a música só consegue se ecoar pois o ar permite tal façanha com as vibrações e reverberações sonoras abraçando toda aquela lenga lenga de composição química que há no ar, mas isso não passa de um postulado rigidamente estabelecido e pouco questionado e discutido. o que acontece de fato, é que quando o big bang fez seu grande BANG, o ar foi obrigado a existir saindo com pressa de dentro daquela entidade em potência que era o tal estampido do baque sonoro primordial. e desde então respiramos o ar que existe graças a esse primeiro som. ar e som, som e ar...

antes do ovo e da galinha, há a dialética. portanto, escutamos e respiramos. sacou?

saquê!

e essa é a única história de casamento feliz que eu conheço até hoje, o ar e o som, dois hermafroditas que transam com tudo, nada de monogamia, amor-livre antes de 68 e com muito 69.

por isso esse fim de semana todos respiraram uníssonos, e o que era música tragou cada corpo ali presente, nos tossindo com uma leveza extra sensitiva e lançando-nos de volta para as próximas segundas-feiras que virão. e nós continuamos aqui tentando tragar tudo isso, com uma tosse que ainda não chega nem a ser pigarro, mas se situa na vibração da corda vocal de um brônquio (sim, eles cantam também, por isso tossimos). uma tosse que ainda não se sente, só existe, sem pretensões de se tossir. e isso já é muito mais que o suficiente.

apague a luz, feche os olhos, respire fundo e segure. se vc esteve na jambolada, com certeza escutará a luz dessa grama cor de olhos crescendo por lá com toda sua tosse...

sim, a jambolada é isso.

2 comentários:

Anônimo disse...

aguardo ansiosamente por uma corrente de ar que se desloque do triangulo mineiro a são paulo levando essa poeira cósmica que os pés dos donos dos olhos levantaram, quanto a luz ela ainda bate na lua e posso vê-la já. Sobre a musica, terei de ouvi-la por intermédio dos olhos dos meus amigos.

Ma,ria disse...

Tô conseguindo ouvir com a pele, o sexo entre o ar e o som, que existiu na Jambolada sem eu estar lá, apenas lendo essas palavras. ah, que bonito! a vida tá com outras lentes.