domingo, 19 de dezembro de 2010
meus amigos
meus amigos corromperam minhas idéias
minha forma de pensar
sacudiram meu corpo até esquecer-me que tenho de fato um corpo
me livraram de moralismos e verdades prontas com lambidas públicas nada pudicas
chocaram todos ao redor com canções inusitadas
sobre a beleza da embriaguês mergulhada na mais densa e nada pura nudez
meus amigos foram meus melhores inimigos
advogaram pelo diabo sempre que estive por cima
só pra me colocarem por baixo
lá em baixo chafurdamos juntos como crianças no barro
quando voltamos à realidade, já embriagados de terra,
derrubamos paredes, assassinamos professores, apertamos campanhias
e não corremos
gritamos de corações atados nossos crimes para o mundo inteiro ouvir
e ganhamos forças
meus amigos me ensinaram a ser contraventor em dias de chuva
queimando guarda-chuvas em praça pública só para que nessas chamas, pudéssemos acender cigarros
e apagá-los logo em seguida, nas gotas que do céu caíam
desapego bobo, mas sabíamos pela solidez da fumaça se esvaindo, a perenidade das coisas
em dias de sol, andávamos nus pelos corredores da faculdade
olhando densamente nos olhos de cada olhar dirigido a nós
ninguém jamais acreditou em mim e em meus amigos
nós também nunca acreditamos em nós mesmos
aliás, nunca paramos pra pensar sobre isso
nunca fomos coerentes, a incoerência sempre frutificou mais possibilidades e dúvidas
e daí pra frente todo o futuro nos tecia teias de surpresa, extremos delírios lindos à ceu aberto
não tinhámos certeza de nada, mas sabíamos algo sobre o tudo
certo dia, nos perguntaram se conseguiríamos levar a vida a sério
olhamos silenciosamente um pro outro, todos já sabíamos de antemão a resposta
e o melhor a ser feito, era jamais responder pergunta tão disparatada
cada amigo meu
sempre foi meu melhor amigo
e, libertários ao extremo, esquizofrenizaram belas coreografias de dança em palcos escuros
só para provar que os melhores públicos, são públicos imaginários
meus amigos me ensinaram o que é o amor
praticamos o amor livre, o amor doentio, um amor apegado, outro desapegado, amores solitários, amores silenciosos...
percebemos então que a rima com a dor pulsará sempre em todos eles
foi quando pixamos nos muros da cidade que todos os amores são um só: o amor
meus amigos são o amor
eu sempre sou meus amigos
e o amor sempre será o mundo
nos abraçamos todos não foi à toa,
o dia será de fato,
muito mais ensolarado
com sombras boas
e vento no rosto
Assinar:
Postar comentários (Atom)
8 comentários:
to chorando seu puto...muito..
serafim
que lindo diogão
que lindo
Porra esse fiko baum em diogao iopahiophae
te abraço muito forte agora, e a todos os nossos amigos, aqui dentro.
Ah meu velho!
como vc é capaz de umas coisas...
é lindo
arde sabe?
Que lindooo, Diogo!!
Um desses abraços pra você! ;*
te abraço comigo.
E eu que achava que você era só Bukowski...
À você, mais méritos do que já tinha, meu caro.
Um grande abraço.
Postar um comentário