quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
como fruta madura caindo no pasto
meus mistérios
foram procurar um pasto
morar lá onde o dia é pra sempre
e o sempre é segredo, ou sagrado
matrimônio velado: meus mistérios de alma
e os segredos do sempre
meus mistérios ficam por aí
lavando louças cantando alto
andando nu pelas madrugadas
transmutando postes de luz em rimas rabiscadas nos pensamentos
enquanto olhares atentos da noite
se perdem na agilidade de meus calcanhares
pisando nas letras como samba disritmado
meus mistérios alargaram algumas palavras
e as colocaram em linhas tortas
defendendo causas
em prol dessas almas mortas
de sensações tão vivas
meus mistérios
estão aqui
nesses versos
ou em minha língua se afiando no canto da porta
sorvendo frestas onde só passa suave o feixe de luz
se pudesse,
a fresta de luz da porta no escuro do quarto
seria minha eterna alimentação imaginária
profusão de vitalidades sutis
irrigando corpo todo dessas nuances tão essenciais
pra vida inteira
lá no pasto meus mistérios fugiram
talvez tenham se cansado
de palavras vãs
ou
dos excessos despertados no ar
quando as palavras se arremessam no nada
e ganham força de tudo
pastar é meu grande mistério
talvez eu seja tudo
menos sério
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