sábado, 15 de janeiro de 2011

só o amor


o corpo arde
a mente falha
o mundo palpita o calor dos poros

o amor chegou abrindo a porta
rasgando o tapete da sala
confundindo água com vinho
se embriagando discarado e nu

o amor arrancou os espinhos das rosas
furou todas as paredes do quarto
esperou escorrer dali o sumo da vida,
o sangue que faz os anjos pairarem no ar

o amor não sabe mais distingüir
as diferenças entre os sete pecados
a gula se travestiu de luxúria
só para sacanear nossos sexos na cama
palpitando vida umidade louca
num lindo gemido universal no escuro do quarto

o amor continuou abrindo a casa toda
queimou nossos corpos rente as janelas
experienciando densos voyeurs
transbordando caos e êxtase
para todos os olhares ansiosos por esse bruto drama

o amor deixou nossos corpos sem órgãos
livre fluxo fruto da mais pura selvageria
tudo é futuro tudo pode tudo devém
tudo virá transpirando tudo

e veio então o beijo
selando o púrpuro desejo fonte
afagando a ternura calorosa de nossos corações
até dormirmos em paz
eu aqui
você aí
juntos distantes
dançando amalgamados nos sonhos
desso nosso mais doce e belíssimo
horizonte