terça-feira, 25 de janeiro de 2011
sobre as cartas de amor
sobre as cartas de amor
não enviadas
elas existem
e isso é um excesso que já é um tanto
guardadas,
nos cravam as unhas no estômago
escancarando portas nos pensamentos
sangrando as flores das declarações eternas
arrombam o mundo inteiro
com um suspiro solitário
amarrado numa doce canção qualquer
que ora
resvala a memória
em silêncio
tudo o que se enuncia ao acordar pelas manhãs
parece estar intumescido de todas,
todas as palavras-sensações guardadas
ali naqueles rascunhos não enviados
as palavras são perigosas
não foram feitas
pra se resguardarem
querem o tempo todo
se jogar no ar
explodir tudo ao redor
com aquela chuva cósmica apocalíptica
da cadência das frases
criando corpo
e avassalando tudo o que surge em sua frente
as palavras são ansiosas
querem sempre um abraço,
ou encontrar-se com algo
despertar tensões
aliviar corações
provocam, cutucam, mordem
não pedem licença,
estão sempre a salivar seu alvo
armadas para o bote certeiro
mas quando nossas paixões
vivem as chamas que estalam
na moradia de uma outra alma
que pulsa dentro profunda em nossos peitos,
(amor)
o corpo inteiro se embriaga
do mais intenso poder
e em um triste duelo
regado a hesitação de lágrimas
e solidão extremamente povoada,
desafia todo o exército de ousadia das palavras
e simplesmente
em um bravo ato de coragem
não envia a carta
por amor
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5 comentários:
enra! o destinatário deve ter agradecido. é tudo uma coisa só: ela, vc, ele, ele, elas, eles, vcs - amor.
Diogo, muito me agrada a forma como vc escreve.
Mais um belo poema!
Grande abraço!
não envia!
que belo tudo isso.
Que forma linda de escrita. Cada palavra é intensa e emocionante. Adorei a poesia *-*
é incrivel a capacidade que você tem as vezes, de descrever minha vida sem nem mesmo ter noçao de todo o bakcstage
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