sábado, 8 de janeiro de 2011

pequenas belezas, ou sutilezas

*para ler escutando um girassol da cor do seu cabelo do lô no clube da esquina


e teve aquele dia
que você descobriu pela primeira vez que os girassóis
sempre estão a olhar para o sol

sabe,
às vezes essas sutilezas germinam vozes
dessas que saem de lá de dentro do mais inóspito pisar
na alma

voz visceral delirar,
com o coração pulsando firme na garganta

e como é lindo embriagar-se disso tudo
braços abertos ao pular das pontes só pra sentir o vento
sorrindo

as lembranças também estão sempre a olhar para o sol
e durante a noite elas vivem aquele denso pacto mudo de serem solitárias


mas eu sempre soube,
um girassol cabisbaixo esperando o dia raiar é pura vida
há potência ali abraçando o ar com as mais poderosas verdades
vociferando pro mundo tudo sobre o futuro

há que se prescrever pequenas belezas
os girassóis sabem disso

são nessas madrugadas
onde o dia ainda titubeia nas linhas das horas
e o pensamento vagueia inerte nos tictacs imaginários
é que está o segredo
do amor

o amor é sempre sozinho
alucinando paixão à dois

o amor é sempre à dois
apaixonando-se juntos numa simbiose nua
por verdades tão plenas logo ali no paraíso
que já escapam rápidas nas brechas do piscar os olhos

ah!
se não fosse a eternidade fugidia
desse intenso segundo antes do piscar (lá onde vive o sol)
ninguém amaria...


2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bonito, e escrito delicadamente.

Beijo.

Rene Serafim - "Juninho" disse...

sutilezas dos gira sós...