segunda-feira, 29 de novembro de 2010

suave pouso


os olhares
são todas as cores do mundo reunidas
implorando para serem pintadas
em telas que são
corpos, paisagens, pensamentos
pintam como comida quente cheirando a casa inteira

e o piscar
foi bela invenção da alma
para que nessas pinturas
nunca faltasse
nenhuma gota
de amor

quando pisca
o olho altera a relação tinta-tela
momento de hesitação catártica

como a criança correndo no parque
tão veloz
nem percebe o tropeço e a queda
só há o roxo da perna
e o suave acalanto dos pais
tão veloz que já dorme
e sonha

é naquele delicado instante de hesitação
antes da queda, quando se pisca
que amores se bordeam
e as cores se exaltam

o casal se despede
deixando um no outro
suas mãos
apenas com um olhar
eterno, imenso

indo embora
cada um para um lado
juntos no sem fim

a paisagem parece enfim desenhada
tudo é contemplação
um suspiro recheia o ar com leve admiração

alguém pisca

e as
cores se
trans
bordam
a tela
ganha
vida

2 comentários:

João disse...

Esses seus poemas são de uma sensatez inevitável.Demais!
Abrçs

João;

| bia | disse...

lindo poema.
um brinde à essa bela tela que é a vida!
chears!